Plantar uma árvore, ter um filho… e quanto ao livro?

como escrever um livro

Quem nunca terá ouvido a este ditado, a dizer que todos precisam, antes de morrer, plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro? Todos certamente já escutaram alguém repetir este provérbio.

Plantar uma árvore não exige muito segredo. De facto, a maioria das escolas nos dias de hoje faz com que as crianças plantem algo. Ter filhos: bem, excepto por alguns que tenham problemas de fertilidade, a maioria que os quer os têm. E, mesmo para quem não pode tê-los, há sempre outras opções, como adotá-los.

Contudo, quando chegamos à terceira parte deste provérbio é que as coisas começam a complicar: escrever um livro…

Escrever é difícil…

Para muitos, parece algo difícil, quase impossível. Escrever um livro, dizem-nos, exige redação e ortografia impecáveis, conhecimento linguístico e de literatura, comprometimento e dedicação, organização, pesquisa incessante e dezenas de outras competências que, na nossa avaliação, simplesmente não possuímos.

No entanto, quando chegamos ao mercado editorial e percebemos algumas das suas dinâmicas e o modo com que, na realidade, as coisas funcionam, entendemos que muitos destes mitos são derrubados com incrível facilidade.

O que dizem ser preciso para escrever um livro?

Algo curioso, antes de listarmos tudo o que dizem ser preciso para escrever o seu próprio livro. Já reparou que, de todos que lhe dizem ser impossível escrever e publicar uma obra qualquer, nenhum deles de facto publicou qualquer coisa na vida?

Na nação portuguesa, na qual acreditações e certificados são exigidos para absolutamente tudo, parece despropositado crer que pessoas que jamais chegaram perto de escrever os seus próprios livros estejam qualificadas para dissertar sobre a dificuldade ou não de sua redação ou publicação.

Ainda assim, parecemos inclinados a ceder a esta dificuldade, e terminamos por deixar de lado toda e qualquer ideia ou ambição que tenhamos de colocar no papel (ou hoje, no computador) as ideias e histórias que temos para contar.

Bem, vamos lá aos mitos (e aqui apenas iremos colocar alguns deles) que são “vendidos" pela maioria como motivos para não ir adiante na ideia de escrever o seu próprio livro:

Apenas pessoas com o “dom da escrita" podem escrever um livro. Vamos lá: honestamente, será mesmo que todos os livros que estão por aí a ser vendidos foram escritos por autores tão absurdamente talentosos? Não. E a verdade é que a grande maioria deles, por assim dizer, está longe de possuir algum tipo de dom natural para a escrita.

É preciso ter a disciplina de escrever todos os dias. Embora escrever todos os dias seja um método interessante para concluir um manuscrito, não é a única maneira de fazê-lo. Ademais, nem sempre há esta premência de tempo e prazos ao escrever.

Só quem domina muito bem a gramática pode escrever. Este é um dos mitos mais absurdos. Para além disto ignorar toda a estrutura de revisores e editores nas empresas que publicam livros, faz acreditar que todos os que já publicaram livros no mundo tinham um domínio irrepreensível da linguagem. A verdade? A grande maioria dos autores não possui um bom domínio gramatical.

Somente gente famosa consegue publicar um livro. A história dos próprios autores que são unânimes mundialmente contraria este mito. Saramago era um ilustre desconhecido quando começou a escrever, já com idade. J. K. Rowling era uma dona-de-casa sem qualquer fama até mostrar ao mundo a saga de Harry Potter. A fama começa em algum canto – e escrever um livro pode ser o início desta fama, em alguns casos.

É preciso conhecer outros autores. Não que o contacto com outros autores e experiências não seja algo bem-vindo, mas isto não é de forma alguma uma condição para que se escreva um livro.

É preciso estar sempre inspirado. A inspiração geralmente é o que nos leva a criar as premissas que regem um livro, a inspiração nunca está ali todo o tempo. Mesmo para alguns dos melhores escritores do mundo, o mais provável que haja “trechos" inspirados nas suas obras, e não todo o teor dos livros.

Uma boa história precisa de ser completamente inédita. Esta teoria cai completamente por terra quando estudamos artifícios do storytelling, como a Jornada do Herói, por exemplo. Há receitas e estratégias que se repetem em praticamente todo romance e, além disso, muitos dos best-sellers da atualidade são cópias quase que descaradas de livros já escritos e difundidos.

O que é REALMENTE preciso para escrever um livro?

Pois, agora que já falamos sobre o que as pessoas em geral acreditam ser preciso para escrever o seu próprio livro, falemos sobre o que, de facto, será preciso.

  • Organizar as ideias
  • Separar tempo suficiente para produzir
  • Identificar o público-alvo da obra
  • Construir uma estrutura para o livro
  • Realizar pesquisas
  • Avaliar livros concorrentes
  • E, claro, assistir ao nosso workshop se está em Viana do Castelo ou imediações!

Carlos Matos

Carlos Matos é jornalista, designer, PHP full-stack developer e possui livros publicados nas áreas de empreendedorismo, marketing, segurança do trabalho e temas transversais na educação.