O que é o PISA de que estão a falar?

Como sempre, o tal “PISA" está a ganhar as manchetes de todos os jornais, com estatísticas e resultados sobre a educação mundial. Mas o que é esta avaliação e como ela de facto funciona?

O PISA é o Programme for International Student Assessment, ou Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Este programa foi primeiramente realizado em 2000 e agora repete-se a cada três anos.

O objetivo desta avaliação a nível mundial é verificar a evolução (ou involução) dos sistemas educativos em relação ao desempenho do aluno ao fim de um certo estágio dos estudos.

Cuidado com as generalizações

A despeito de qualquer posicionamento – positivo ou negativo – em relação ao desempenho dos alunos portugueses nesta avaliação, há-de considerar algumas particularidades desta iniciativa da OECD:

  • O PISA avalia alunos de 15 anos em diversos países com uma prova que se propõe a averiguar a utilização de conceitos aprendidos em “situações reais". Contudo, devemos lembrar que nem todos os programas escolares são unificados no mundo – há países que oferecem conteúdo mais adiantado para determinada idade ou menos avançado, consoante cada estratégia.
  • Avaliam-se as habilidades dos alunos nas ciências, na matemática e na leitura – porém há imensas competências ainda não monitorizadas nos testes.
  • Ao contrário de testes que avaliam até que ponto os alunos absorveram o conteúdo ministrado, o teste do PISA prioriza a forma com que estes alunos aplicam o conteúdo que aprenderam.

Não é uma competição

A OECD pretende que o PISA não seja um programa a ganhar projeção como uma competição. A despeito disto, todos os países e, principalmente, os média locais em cada um deles tratam do assunto como sendo um ranking do Campeonato Europeu.

O objetivo idealizado pelos proponentes deste programa é o de fornecer aos países instrumentos para melhorar os seus próprios sistemas educativos. Por esta razão, a medição é feita nos alunos que estão próximos de concluir o liceu.

Artes e talentos

Sim, é muito para se medir. No entanto, o PISA não oferece ainda ferramentas para avaliar a predisposição dos estudantes para as artes ou talentos específicos.

Neste sentido, parte das competências também desenvolvidas durante o ensino das crianças e dos jovens simplesmente não possuem referência nos resultados apresentados.

Avaliação “estranha"

Há-de considerar, a despeito dos resultados conseguidos por Portugal e outros países nos testes do PISA, a diferença fulcral entre os testes que são geralmente aplicados aos alunos e os da pesquisa internacional.

Mais do que apenas testes de múltipla escolha, o PISA envolve problemas e propostas de aplicação dos conhecimentos de forma não necessariamente objetiva.

Assim sendo, pode-se dizer que o tipo de teste experienciado pelos estudantes durante sua aprendizagem irá influir no seu desempenho aquando da realização dos testes do PISA.

O PISA oferece boa referência?

Uma vez que as avaliações se dão entre idades de alunos próximos de concluir a escola e a ingressar nas universidades, o PISA fornece boas referências em relação ao “produto final" do sistema educativo.

Desconsideram, contudo, eventuais discrepâncias entre os ciclos e estágios da carreira escolar – o que não nos permite identificar de pronto em que ponto da trajetória se encontram os problemas.

O PISA é mais um dos índices a considerar para medir a eficácia de um sistema educativo, mas não pode ser tomada como SINÔNIMO disto – apenas como mais uma variável.

Carlos Matos

Carlos Matos é jornalista, designer, PHP full-stack developer e possui livros publicados nas áreas de empreendedorismo, marketing, segurança do trabalho e temas transversais na educação.