Redação – o que são níveis de língua?

A língua é algo compartilhado, sem exceções, por todos os membros de uma mesma comunidade e população. Em decorrência de diferenças e particularidades regionais, sociais, culturais e até étnicas (por influência), a linguagem é algo em constante modificação e movimento, produzindo variantes que se desenvolvem com o surgimento de novos hábitos e até mesmo regras em alguns casos.
A palavra linguagem tem pelo menos dois significados básicos: a linguagem como um conceito geral e a linguagem como um sistema linguístico específico (língua portuguesa, por exemplo). Em português, utiliza-se a palavra linguagem como um conceito geral e a palavra língua como um caso específico de linguagem. Em francês, o idioma utilizado pelo linguista Ferdinand de Saussure (o primeiro que explicitamente fez essa distinção), existe a mesma distinção entre as palavras langage e langue.
Dicionários seguem incorporando novos vocábulos e significados desse ente em movimento – a linguagem evolui e incorpora novos hábitos, mas também perde antigos (bastante verificar o número de palavras e verbetes em dicionários que acompanham a legenda ‘desuso’ em suas definições).
Comunicar é o mais importante
Mas não importam as variantes e condicionamentos da língua pelas circunstâncias e ocasiões – a língua, falada ou escrita, cumpre com sua finalidade básica: a comunicação. A língua escrita segue normas gramaticais mais rígidas, e sempre difere da língua falada, que incorpora também nuances, gestos, sinais, tons de voz e entonações e não raro neologismos e vícios de linguagem típicos das relações interpessoais.
Há muito já se chegou à conclusão de que, por essas razões, não se deve considerar o ensino do idioma como algo norteado pelas noções de certo ou errado, e sim por conceitos de adequação, atribuindo diferentes níveis de linguagem conforme seu uso e contexto.
Escrever segundo a norma culta, por exemplo, é uma habilidade requerida de qualquer profissional de nível universitário (e muitos de nível médio), inclusive na realização de suas tarefas diárias. Por essa razão, separamos a língua em “níveis” distintos de linguagem, usados geralmente em contextos específicos e, por vezes, mesclados de modo a cumprir alguma estratégia específica de comunicação.
Linguagem coloquial ou popular
Esse nível de linguagem é o comumente e diariamente utilizado pelo povo. Resistente a muitos aspectos formais do idioma, é um nível geralmente carregado de vícios de linguagem como solecismos e barbarismos, cacofonia e ambiguidade, além de pleonasmos e outros “acidentes” gramaticais. Ao final deste tópico você encontrará uma breve descrição desses vícios. Reflete muito mais a linguagem falada do que a escrita.
Linguagem culta
Esse nível de linguagem é o formalmente estabelecido e o nível ensinado em escolas. Caracteriza-se, em uma definição rápida, pela obediência às normas gramaticais e emprego correto das palavras em nível ortográfico, morfológico e sintático. Geralmente reflete muito mais a linguagem escrita do que a falada.
Gírias
A gíria é uma linguagem criada a partir de um determinado grupo social, e geralmente utilizada apenas dentro desse grupo específico, por seus membros. Contudo, gírias podem se estender a outros grupos da sociedade por meio de convivência e aceitação. É comum, por exemplo, que gírias adotadas pelos jovens sejam transferidas, ao menos parcialmente, para um público mais amplo à medida que esses jovens se tornam adultos, preservando parte de seu vocabulário.
Linguagem vulgar
Existe uma linguagem vulgar, segundo Dino Preti, “ligada aos grupos extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar multiplicam-se estruturas com “nóis vai, ele fica”, “eu di um beijo nela”, “Vamo i no mercado”. Esse nível linguístico difere da linguagem coloquial, e deriva da falta absoluta de contacto com ditames da linguagem culta.
Linguagem regional
Os regionalismos são variações que, além de diferentes entonações e formas de pronúncia envolvem inclusive o emprego de vocabulário particular, fora da língua padrão.